quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Soneto de separação

De repente do sorriso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez a espuma
E das mãos espalmadas fez o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


V.M. (1938)